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“Quimeras entre nois”


Os estudos sobre genética e as descobertas sobre o DNA sempre despertaram interesse, dada a sua influência no nosso cotidiano. Alguns animais aproveitam-se de substância toxicas encontradas nos alimento para se proteger, como algumas especeis de sapos tóxicos. Bactérias também tem essa capacidade pois conseguem incorporar o DNA que encontram no ambiente, como a enzima NDM-1 que digere antibióticos e torna as bactérias de várias espécies diferentes que ganham o seu gene quase intratáveis. Tais exemplos sãos chamados de “quimera”, termo este que teve origem na mitologia grega graças a uma criatura mitologia que "expelia fogo pela boca e pelas narinas, a parte anterior de seu corpo era uma combinação de leão e cabra e a parte posterior, a de um dragão".

Na genética, um organismo ou tecido que contém pelo menos dois conjuntos diferentes de DNA, na maioria das vezes originários da fusão de zigotos diferentes (ovos fertilizados) é conhecido como quimerismo, uma condição genética rara, cuja incidência comprovada atinge apenas 40 indivíduos em todo o mundo. Imagine duas pessoas usando o mesmo corpo, de certa forma é isso que acontece.

Ainda que seja uma condição muito rara e específica, além das questões relacionadas aos exames de DNA, o quimerismo também se relaciona com questões jurídicas. Casos como o de Lydia Fairchild, que em 2003 no Estado de Washington, nos Estados Unidos, enquanto estava gravida do terceiro filho, solicitou um auxílio financeiro governamental para o Estado onde residia. Para que essa solicitação fosse avaliada, era necessário que ela enviasse amostras de DNA que confirmassem a paternidade de seu parceiro e a sua maternidade com relação às demais. Entretanto o resultado foi surpreendente. De acordo com o laboratório que fez a análise foi demonstrado que embora o companheiro de Fairchild fosse, de fato, o pai das crianças, ela não era a mãe biológica de nenhuma delas. Tal resultado além de impedir o recebimento do auxílio, trouxe consigo graves consequências para a mulher, que passou a ser investigada e processada judicialmente, pois foi acusada de tentativa de fraude, o que também levou os promotores a solicitar que as crianças fossem levadas para um abrigo. Para evitar sofrer tais consequências, Fairchild reuniu todas as certidões de nascimento de seus filhos e procurou, inclusive, o médico que realizou os partos para atestar que eles de fato aconteceram, o que não foi suficiente para comprovar sua maternidade. Tanto a investigação quanto o processo seguiram com seus trâmites normais e, nesse período, a mulher deu a luz ao seu terceiro filho. Nesse contexto, o juiz do caso determinou que uma testemunha acompanhasse Fairchild durante o parto e que amostras de sangue dela e da criança fossem colhidas para a realização de um novo exame de DNA. Em duas semanas os resultados foram divulgados e confirmaram que a mulher também não era mãe da criança que tinha acabado de nascer.

Desta forma foi solicitou mais testes de DNA da Sra. Fairchild e de sua família extensa. Curiosamente, embora o DNA das crianças não correspondesse ao da mãe, o DNA das crianças era compatível com o DNA da avó materna. O DNA encontrado na pele, cabelo e saliva da Sra. Fairchild não coincidia com os de seus filhos, mas uma amostra retirada de seu esfregaço cervical combinou com a deles. Dessa maneira, Lydia Fairchild foi identificada como mais um caso de quimerismo em seres humanos.

Além do quimerismo natural, existem os caso de quimerismo artificial no qual uma pessoa que recebeu transplante de medula, ou de um órgão pode ser considerado uma “quimera”.

Referências:

GALLEGO, M. Quimeras Humanas Personas com dos tipos de ADN. Disponível em:<http://bioinformatica.uab.es/base/documents/genetica_gen/QUIMERAS%20HUMANAS,%20personas%20con%20dos%20tipos%20de%20ADN2015_4_26P21_2.pdf> Acesso em 18/05/2019

RAMOS, G. F. F. A. V. & CUNHA, R. B. L. Um outro eu: o caso das quimeras humanas. Rev. Bioética y Derecho, Barcelona , n. 38, p. 101-117, 2016 . Disponível em <http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1886-58872016000300008&lng=es&nrm=iso> Acessado em 21 Maio de 2019.

LEITE, Marcelo. Biotecnologias, clones e quimeras sob controle social: missão urgente para a divulgação científica. São Paulo em perspectiva, v. 14, n. 3, p. 40-46, 2000.

RUSSELL, Liane B. (Ed.). Mosaicos genéticos e quimeras em mamíferos. Springer Science & Business Media, 2012.


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