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Como a 1ª foto de um buraco negro se relaciona com a genética?


No dia 10 de abril desse ano (2019) o mundo ficou encantado com a primeira foto direta de um buraco negro, um corpo celeste que se encontra no centro da galáxia M87 a mais de 55 milhões de anos luz da nossa própria galáxia, este que foi um feito incrível e maravilhoso que demonstra o quanto a ciência é fantástica e apaixonante e dando protagonismo e destaque aos mais diferentes tipos de pessoas. Afinal este foi um grande projeto iniciado em 2017 como uma parceria entre 200 cientistas de 13 instituições pelo mundo todo.

Que esse feito foi de grande importância para a ciência e inspirador para diversas pessoas, trazendo a ciência para perto da população geral não é segredo a ninguém. Logo, sem mais delongas irei explicar o que esse grande feito tem com a nossa tão querida e apaixonante genética.

Bem, ele em si nada; mas calma! Antes que você me acuse de “click bait” irei explicar por que por mais que essa foto em si não tenha nada a ver, existem muitas coisas que ligam esses feitos à genética.

Começando por 1990 quando foi dado início (formalmente) a um projeto de esforço internacional com os objetivos principais de:

  • Identificar todos os genes humanos;

  • Determinar a sequência dos mais de 3,2 bilhões de pares de bases que compõem a nossa espécie;

  • Armazenar esses dados;

  • Desenvolver ferramentas de analises de bancos de dados;

  • Transferir a tecnologia relacionada ao projeto para o setor privado;

  • Além de colocar em discussão possíveis problemas éticos, legais e sociais que pudessem surgir com o projeto.

Esse projeto foi iniciado e coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, sendo encabeçado por James D. Watson com a ideia de durar 15 anos. Porém, nos últimos anos o projeto tomou um ritmo acelerado e foi finalizado em 14 de abril de 2003, com um comunicado à impressa acerca do sucesso do sequenciamento de 99% do genoma com uma precisão de 99,99%, tendo o Brasil um papel importante nesse sequenciamento.


Esse projeto foi de uma importância gigantesca e na sua época foi a bola da vez para demonstrar o quanto o nosso “universo microscópico próprio” contido no núcleo das nossas células também é fascinante e importante, sendo que com a finalização desse projeto diversos genes de doenças foram descobertos e diversos produtos biotecnológicos foram criados e ainda são criados e descobertos como resultado desse projeto.

Essa é uma relação da genética com a tal foto, já que esses são dois grandes exemplos muito importantes. De que primeiro, a ciência é capaz de coisas grandes e incríveis das quais até os mais leigos conseguem brilhar os olhos, se encantar e se empolgar com essas descobertas. Outra coisa é que quando a ciência se empenha em algo grandes descobertas podem sair e com isso todo o mundo é beneficiado e por fim um outro fator: a ciência integra os mais diversos grupos desde que se tenha um esforço.


Visto que países fora das grandes potências podem se destacar e podem ser capazes de grandes descobertas demonstrando que o conhecimento não olha rótulos, ele é de todos.


Mas longe de mim parar nessa relação, a genética consegue se ligar a esse evento cósmico de 2019 de outras formas também.


Em junho de 2017 foi publicado um artigo na revista Cell no qual foi feito o primeiro registro em vídeo da replicação do DNA, algo jamais imaginado antes e que também demonstrou coisas únicas.


Ao contrário das publicações de abril de 2019 e abril de 2003, esse foi mais tímido e ficou mais longe dos olhos da população geral, mas as diferenças não param por aí com o evento do ano dessa publicação (2019).


Essas filmagens demonstraram que a replicação do DNA não é bem como pensávamos, ela é bem mais aleatória que imaginávamos, que ao contrário do que os cientistas teorizavam a respeito de as cadeias de replicação se coordenarem entre si, elas na verdade se replicam de forma independente.


Ou seja: cada cadeia dupla de DNA se replica de forma independente na mesma velocidade que todas as outras. Porém, estas podem parar e recomeçar várias vezes (demonstrando a sua independência) e com isso também pode demonstrar um meio de controle de emergência para evitar um possível erro na replicação.


Isso fez com que esse registro, ao contrário da foto do astro no centro da galáxia M87 que confirmou ainda mais resultados obtidos apenas com cálculos, fizesse os cientistas repensarem vários conceitos a respeito da replicação do DNA.


Mas ainda assim essas duas publicações se conversam quando se trata da inovação de se trazer registros visuais diretos de eventos até então ilustrados apenas em livros e de forma mais teórica e por mais que a filmagem da replicação do DNA não seja empolgante para olhos desavisados, ambas são descobertas de grande importância para suas devidas áreas guardadas as suas devidas proporções.


E por fim, a maior relação da genética com a essas descobertas sobre o universo intergaláctico é que ambas provam teorias de grande importância e que por muitas vezes são questionadas por pessoas menos informadas ou até mesmo descrentes, o que por si só quando acompanhado de um estudo e esforço sério para provar algo contrário é extremamente saudável e essencial para se fazer a ciência evoluir.


A genética e as suas descobertas demonstram de forma muito clara, juntamente com outros estudos, a existência da evolução e a relação de todos os seres vivos por esse meio. Da mesma forma que a foto do buraco negro, assim como as ondas gravitacionais (outra descoberta que balançou o mundo no inicio de 2016) e a radiação de fundo demonstram que o universo é muito maior do que jamais imaginávamos e que o Big Bang é algo cada vez mais plausível.


Essas descobertas são extremamente importantes hoje em dia para inspirar e trazer cada vez mais as pessoas para a ciência e mostrar para o mundo que ela pode se relacionar sim com o dia a dia até da pessoa mais comum.


Finalizo o meu texto dizendo que, sim esses eventos cósmicos e suas descobertas se relacionam com a genética e que por mais que hoje em dia esses apareçam mais para a população geral devido ao seu grande impacto midiático, a genética é um universo vasto e maravilhoso a ser explorado e que mesmo hoje em dia ainda existem muitas coisas para serem feitas e descobertas que podem influenciar o mundo.


E para quem se interessar para se aprofundar nesses temas, visto que pude apenas pincelar sobre cada um deles aqui estão algumas fontes (sendo dessas fontes três textos feitos por colegas da Liga):

  • https://liagen2017.wixsite.com/liagen/single-post/2018/10/12/PROJETO-GENOMA-HUMANO-CONHEÇA-A-FERRAMENTA-DE-SEQUENCIAMENTO-DE-DNA-UTILIZADO-E-NOVAS-TECNOLOGIAS acesso em 05/05/2019 às 20:45

  • https://liagen2017.wixsite.com/liagen/single-post/2018/07/20/CRISPR-Cas9-Editar-DNA-é-possível acesso em 04/05/2019 às 23:10

  • https://liagen2017.wixsite.com/liagen/single-post/2018/04/14/15-Anos-do-Projeto-Genoma acesso em 04/05/2019 às 22:50

  • http://genoma.ib.usp.br/sites/default/files/projeto-genoma-humano.pdf acesso às 07/05/2019 às 20:05

  • https://www.youtube.com/watch?v=YeVknAshr94 acesso em 01/05/2019 às 21:54

  • https://www.sciencemag.org/news/2019/04/black-hole acesso em 07/05/2019 às 20:40

  • https://iopscience.iop.org/article/10.3847/2041-8213/ab1141 acesso em 07/05/2019 às 20:30

  • https://iopscience.iop.org/journal/2041-8205/page/Focus_on_EHT acesso em 07/05/2019 às 20:20

  • GRAHAM, James E; KOWALCZYKOWSKI, Stephen C.; MARIANS, Kenneth J. Independent and Stochastic Action of DNA Polymerases in the Replisome. Cell 169, June 15, Elsevier Inc 2017. 1201–1213




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