HELAS: AS CÉLULAS “IMORTAIS”
HeLa é a sigla de uma linhagem celular bem conhecida de pesquisadores das ciências biológicas e médicas e leva este nome em homenagem Henrietta Lacks, de quem as células foram isoladas. Henrietta Lacks era uma norte-americana negra que trabalhava na plantação de tabaco da família na Virgínia e mudou-se posteriormente para Baltimore, Maryland, na década de 1940 onde dedicou-se aos cinco filhos e ao marido, que trabalhava numa siderúrgica. Poucos meses antes de morrer, em 1951, descobriu que tinha um câncer no colo do útero que a minava por dentro. Durante uma biópsia, um médico do Hospital John Hopkins onde a mesma estava internada, extraiu células do tumor da paciente e foi verificado que estas cresciam de forma anormalmente rápida, e que poderiam ser cultivadas fora do corpo. Um fato importante foi que esta extração ocorreu sem autorização da paciente e familiares. Naqueles tempos as questões éticas na ciência não eram propriamente uma preocupação, visto que nem havia leis que regiam isto.
As células cancerosas da Henrietta, são consideradas “imortais” por se dividirem em um número ilimitado de vezes, o que permitiu seu cultivo até os dias de hoje. São células de fácil propagação e crescimento e resistem a diferentes condições.
A sua importância é muito grande, uma vez que estiveram envolvidas na criação da vacina da poliomielite (doença que pode levar à paralisia total ou parcial), no papel dos telômeros no envelhecimento, no papel do HPV no cancro cervical e em centenas de outros estudos.
Para mais informações sobre a vida e morte da Henrietta Lacks sugiro o livro: “The immortal life of Henrietta Lacks” da autora Rebecca Skloot, uma jornalista científica, que neste livro conta a história de Henrietta e de como suas células contribuíram para estudos biomédicos, criação de tecnologias, surgimento de vacinas e medicamentos. A obra provoca uma interessante reflexão sobre o tema da ética em pesquisa e da proteção aos direitos dos participantes de estudos científicos.
REFERENCIAL TEÓRICO:
FIRMINO, T. O genoma das células imortais de Henrietta Lacks foi sequenciado. A família não gostou de não ter sido consultada. Abril de 2013, disponível em https://www.publico.pt/2013/04/03/jornal/o-genoma-das-celulas-imortais-de-henrietta-lacks-foi-sequenciado-a-familia-nao-gostou-de-nao-ter-sido-consultada-26313713
REDAÇÃO. Helas: As células que dominaram o mundo. Maio 2011. Acessado em https://super.abril.com.br/ciencia/helas-as-celulas-que-dominaram-o-mundo/
Guedes, C. Uma mulher negra, suas células e alguns desafios da ética em pesquisa. v.20, nov. 2013, p.1413-1416 1413. Disponível em http://dx.doi.org/10.1590/S0104-59702013000400019