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Você sabe o que significa o “I” da sigla “LGBTQIA+”?

Você, certamente, já deve ter visto ou ouvido a sigla LGBT em algum momento ou lugar. Ela representa a comunidade que se destina a promover a diversidade das culturas baseadas em identidade sexual e de gênero. Ela pode ser usada para se referir a qualquer um que não é heterossexual e/ou cisgênero. Atualmente, já encontramos referências que apresenta a sigla como LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Travestis, Transexuais, Queer, Intersexuais e Assexuais). Mas você sabe o que, de fato, representa o “I” desta sigla? Venha conferir!

A letra “I” presente na sigla representa as pessoas Intersexuais. “Intersexo” é um termo geral usado para descrever pessoas que nascem com anatomia reprodutiva ou sexual que não se encaixam nas definições típicas de mulheres ou homens. Ao contrário da crença popular, a categoria sexo não se configura como uma dualidade simples e fixa entre indivíduos deste e daquele sexo (binarismo ou dimorfismo sexual), mas, sim, como um contínuo complexo de características sexuais.

Normalmente, as pessoas apresentam dois cromossomos sexuais, seja XX quando do sexo feminino, geneticamente falando, ou XY, definindo o sexo masculino pela mesma perspectiva. Dessa forma, estamos nos referindo à determinação sexual relacionada exclusivamente associada à presença ou ausência do cromossomo Y. Mas todo esse processo de diferenciação sexual é definido não somente durante a fertilização, como também dependerá da expressão das características sexuais secundárias, que serão respostas das ações hormonais que complementaram o fenótipo sexual.

No final da década de 1950 já era conhecido que a presença do cromossomo Y tinha papel fundamental como determinante da masculinidade. E foi a partir desta década e com o avanço dos estudos citogenéticos com indivíduos portadores de anomalias sexuais e com sexos reverso (homens, 46 XX; mulheres, 46, XY) que foi possível entender a relação entre a presença deste cromossomo sexual e a diferenciação em sexo masculino. E foi nos anos de 1980/90 que foi identificado um gene denominado SRY que é capaz de codificar uma proteína que desenvolve características do fenótipo masculino, sendo essencial fator para a diferenciação sexual.

A Intersexualidade se apresenta diante vários fatores, desde apenas alterações hormonais como também ligada a características genéticas. Alguns casos serão agora abordados:


HIPERPLASIA ADRENAL CONGÊNITA (HAC): É causa mais comum de intersexualidade em embriões XX (geneticamente femininos). Esta condição afeta as glândulas suprarrenais, resultando em uma excessiva produção de andrógenos e isso faz com que as características masculinas apareçam no início do processo de desenvolvimento. As mulheres com a forma clássica de HAC possuem genitália externa que não parece claramente masculina ou feminina (genitália ambígua).


(FOTO: Genitália ambígua em lactentes com HAC)


NÍVEIS ELEVADOS DE TESTOSTERONA: Se uma mulher grávida é exposta a altos níveis de testosterona durante a gravidez, um feto geneticamente feminino pode se transformar em um indivíduo intersexo. Em alguns casos raros, isso é causado por um tumor ovariano produtor de testosterona na mãe.


Um grupo de mulheres com AIS (síndrome de insensibilidade androgênica)

SÍNDROME DE INSENSIBILIDADE ANDROGÊNICA (AIS): É a causa mais comum de intersexualidade em embriões XY (geneticamente masculinos). A AIS completa ocorre quando o corpo não consegue responder aos andrógenos. Logo, estas pessoas têm as características sexuais externas geneticamente femininas, mas não têm útero e, portanto, não menstruam e são incapazes de conceber. Os indivíduos afetados têm órgãos sexuais internos (testículos) que não estão suspensos, mas anormalmente localizados na pelve ou no abdome. Pessoas com AIS completa apresentam pelos dispersos ou ausentes nas áreas púbicas e axilares, e tendem a experimentar o aumento dos seios na puberdade.

(FOTO: Um grupo de mulheres com AIS (síndrome de insensibilidade androgênica)


SÍNDROME DE KLINEFELTER (XXY MACHO): Pessoas com síndrome de Klinefelter herdam um cromossomo X extra do pai ou da mãe; seu cariótipo é 47, XXY. É bastante comum, ocorrendo em 1 de cada 500 a 1000 nascimentos masculinos. Os testículos e o pênis são pequenos (cerca da metade do tamanho médio). Mesmo depois da puberdade, na ejaculação não contém espermatozoides. Eles podem não desenvolver muito pelo no corpo e podem ter desenvolvimento dos seios. Eles também podem experimentar tônus ​​muscular reduzido, ombros estreitos e quadris largos, ossos fracos, diminuição do interesse sexual e níveis mais baixos de energia.



Podemos ver que cada vez mais os processos que levam uma gônada indiferenciada seguir seu caminho para testículo ou ovário vão sendo esclarecidos, e se distanciando cada vez mais da hipótese inicial que bastaria a presença do Y para o testículo se desenvolver juntamente com as características fenotípicas masculinas.

De acordo com o que vem se passando nos últimos anos, é importante ressaltar a preocupação em colocar lado a lado aspectos biológicos e psicossociais, a investigação ao nível molecular e a postura ética, além de apresentar o estado atual do conhecimento quanto à interação entre fatores genéticos, ambientais, hormonais, sexo cerebral, gênero e educação sexual, respeitando sempre os direitos de todos os indivíduos.


Referências


DAMIANI, Durval; DICHTCHEKENIAN, Vaê; SETIAN, Nuvarte. O enigma da determinação gonadal: o que existe além do cromossomo Y?. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v. 44, n. 3, p. 248-256, 2000.

DE JESUS, Jaqueline Gomes. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos. 2012.

MACIEL-GUERRA, Andréa T.; GUERRA-JÚNIOR, Gil. Intersexo: entre o gene e o gênero. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v. 49, n. 1, p. 1-3, 2005.

MACIEL-GUERRA, Andréa Trevas; JÚNIOR, Gil Guerra. Menino ou menina?. Editora Manole Ltda, 2002.

SEXINFO ONLINE (Califórnia) (Org.). Causes of Intersexuality. 2015. Disponível em: <http://www.soc.ucsb.edu/sexinfo/article/causes-intersexuality>. Acesso em: 06 nov. 2018.

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