A Influência Genética na Depressão
Distúrbios de labilidade emocional compõe grande parte dos transtornos afetivos e são alterações extremas e repentinas no humor, que pode variar de tristeza profunda aos mais absurdos estados de euforia, trata-se de um mal especialmente danoso principalmente os mais recorrentes como a depressão, conhecida também como “a dor que mais dói”, pois, os acometidos referem um sentimento de dor imensurável, seus efeitos geram prejuízos nos mais diversos ambitos, prejudicando empresas que perdem o rendimento de seus funcionários incapazes de produzir, estados com uma demanda crescente de casos de suicídios muito comuns em transtornos depressivos, além de famílias com seus provedores doentes e improdutivos, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) a depressão cresceu cerca de 20% na ultima década tornando-se uma das principais causas de incapacidade no mundo.
Diversos estudos realizados ao longo dos anos demonstram a possibilidade desses transtornos possuírem origem hereditária, as pesquisas em genética molecular ainda não determinaram um lócus gênico especifico que com certeza influencie diretamente no desenvolvimento da depressão, o que as pesquisas revelam é que assim como as atitudes e ideações humanas, a depressão é multifatorial, dependendo de fatores ambientais, neurobiológicos e genéticos para manifestar-se, deste modo, para compreender em que medida a genética pode ser responsável pelos transtornos em questão é necessário separar fatores ambientais de fatores hereditários o que se constitui um obstáculo, pois, as amostras das quais dispomos, mesmo subsidiando caras informações a este respeito são pouco representativas, mas ainda assim preciosas para o entendimento atual. Estudos com famílias realizados em 1966 por Angst na Suíça, e Perris na Suécia, confirmam que os transtornos, tanto bipolares como unipolares ocorrem respectivamente com mais frequência entre indivíduos da mesma família, e a tendência à depressão para parentes em 1º grau de portadores do transtorno unipolar é pelo menos três vezes maior do que a população sem histórico familiar, Outros estudos interessantes são desenvolvidos com gêmeos dizigoticos e monozigóticos, realizados entre 1977 e 1993, reforçam a ideia de que há um fator genético na origem de transtornos afetivos, onde o transtorno unipolar ocorre em aproximadamente 40% dos casos e bipolar por volta de 70 – 80%, e o nível de concordância entre gêmeos monozigóticos, é até três vezes maior que os dizigoticos, estes estudos partem do principio de que os gêmeos dizigóticos (DZ) e monozigóticos (MZ) partilham de ambientes semelhantes e geralmente são educados da mesma forma, mas os MZ possuem carga genética idêntica, o que sugere que se tratando de patologias e características referentes ao ambiente, MZ e DZ apresentam resultados muito parecidos, enquanto se tratando de características genéticas os MZ terão uma concordância muito maior em relação aos DZ. Buscando isolar o ambiental do hereditário utiliza-se estudos de adotados, onde basicamente compara-se filhos biológicos de indivíduos maníaco-depressivos adotados na infância, com filhos de indivíduos “normais” ou com outros distúrbios, comparado a outras amostras existem poucos estudos de adotados, uma dificuldade encontrada é a precisão dos dados fornecidos sobre as adoções, Mendlewicz e Rainer (1977), dedicaram se a analisar 29 adotados com o transtorno maníaco-depressivo, e perceberam que 31% dos pais biológicos desenvolveram desequilíbrios afetivos enquanto os pais adotivos apresentavam os sintomas em apenas 12% dos casos, outro estudo importante foi conduzido por Cadoret (1978), onde filhos adotados ao nascer de mães com transtorno bipolar e unipolar. apresentam seis vezes mais episódios maníaco depressivos em relação a filhos de mães com outras doenças na mesma situação, constata-se que nesses casos as crianças só possuíam semelhanças no material genético e o ambiente era diferente, ainda com a diferença ambiental houve a presença de depressão, o que contribui novamente para a hipótese de que há relação intima entre genética e a psicopatologia estudada, a maneira como a doença é transmitida ainda é desconhecida, o que é aceitável diante de um objeto multideterminado, a evolução das ciências biomédicas, bioquímicas, a genética molecular, os avanços da neuro imagem contribuem significativamente para a compreensão destes fenômenos destacando cada vez mais a relevância da hereditariedade na predisposição a transtornos de humor, as pesquisas merecem ser amplamente incentivadas, pois apontam para um futuro onde males como a depressão serão vistos com mais seriedade menos estigma e poderão ser mais facilmente detectados, diagnosticados e tratados, seja através de psicoterapias, farmacologia ou ambas, em todos os campos do conhecimento percebe-se uma área fértil para novas pesquisas, grandes descobertas estão por vir.
Referências bibliográficas:
LIMA, Ivanor Velloso Meira; SOUGEY, Everton Botelho; VALLADA FILHO, Homero Pinto. Genética dos transtornos afetivos. Rev. psiquiatr. clín., São Paulo , v. 31, n. 1, p. 34-39, 2004 . Available from http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832004000100006&lng=en&nrm=iso. access on 26 May 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-60832004000100006.
LAFER, Beny; VALLADA FILHO, Homero Pinto. Genética e fisiopatologia dos transtornos depressivos. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo , v. 21, supl. 1, p. 12-17, May 1999 . Available from http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44461999000500004&lng=en&nrm=iso. access on 26 May 2017. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44461999000500004.